Nau dos Corvos, ponta do Cabo Carvoeiro, cidade de Peniche, à vista da Ilha Berlenga
CONDE D'OXENSTIERN: "O homem sem dinheiro é um corpo sem alma, um morto ambulante, um espectro que mete medo. O seu andar é triste, a sua conversação fria e pesada. Se quer visitar alguém, nunca o acha em casa, e se abre a boca para falar, interrompem-no a cada instante, a fim de que não possa terminar um discurso, que se receie acabe pedindo algum dinheiro. Foge-se dele como de um empestado, é considerado como um peso inútil sobre a terra. Se tem talento, não o pode desenvolver, e se não tem, é olhado como um terrível monstro bípide, que a natureza produziu nalguma ocasião em que estava da mau humor. Os seus inimigos dizem que não tem préstimo nenhum, e os mais moderados sobre este assunto começam o seu elogio encolhendo os ombros. A necessidade acorda-o pela manhã, e a miséria acompanha-o à noite para a cama. As mulheres acham que tem má figura; os donos das casas em que está alojado, querem que se sustente do ar como o camaleão; os alfaiates que se vista como os nossos primeiros pais, com folhas de figueira. Se quer fazer alguma reflexão, não se lhes presta atenção, e se espirra, faz-se que se não ouve. Se precisa de alguma coisa de qualquer loja, pede-se-lhe primeiro a sua importância, e se tem alguma dívida, passa por caloteiro."
Postado por Daniel Costa