JOAQUIM PAÇO D'ARCOS: "O romancista cria, de facto, um mundo à parte,
extraído, se quiserem, do verdadeiro, do que nos rodeia, mas tranformado pela
sua sensibilidade e pela sua imaginação. Do mundo real leva, para o seu,
reminiscências das figuras que viu, dois seres que conheceu, das coisas com que
lidou. Mas não as aproveita integralmente. Esmaga essas figuras, dilui esses
seres, destrói essas coisas. Umas e outros comprime e amalgama, num esforço de
trituração mental. Com essas lembranças de vultos que passaram, de lágrimas que
tombaram, das vidas ou objectos, perdidos, de pequenos nadas e de grandes
coisas, de momentos banalíssimos e de horas altíssimas - com tudo isso o
romancista forma o barro donde, em seguida, arranca novas figuras, por seu cérebro
e suas mãos desenhadas, ergue novos cenários e cria novos sentimenttos."
Postado por Daniel Costa
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