terça-feira, 9 de agosto de 2011

BERTRAND RUSSEL

                        

BERTRAND RUSSEL: "A mudança nas relações entre pais e filhos é um exemplo típico da expansão geral da democracia. Os pais já não estão muito seguros dos seus direitos os filhos, os filhos já não sentem que devem respeito aos pais. A virtude da obediência, que era outrora exigida sem discussão, passou de moda e com certa razão. A psicanálise aterrorizou os pais cultos, sem querer mal aos filhos. Se os beijam, podem provocar o complexo de Édipo, se não os beijam, podem provocar crises de ciúmes. Se os repreendem em qualquer coisa, podem fazer nascer neles o sentimento do pecado; se não o fazem, os filhos adquirem hábitos que os pais consideram indesejáveis. Quando vêem as crianças a chupar no polegar, tiram disso a espécie de conclusões terríveis, mas não sabem o que fazer para o evitar. O uso dos direitos dos pais, que era antigamente uma manifestação triunfante da autoridade, tornou-se timído, receoso e cheio de escrúpulos. Perderam-se as antigas alegrias simples e isso é tanto mais grave quanto é certo que, devido à nova liberdade das mulheres solteiras, a mãe tem de fazer muito mais sacrificios do que antigamente  ao optar pela maternidade. Nestas circunstâncias, as mães conscienciosas exigem demasiado. Umas reprimem a sua afeição natural e mostram-se reservadas, as outras procuram nos filhos uma compensação das alegrias a que tiveram de renunciar. No primeiro caso, impede-se o desenvolvimento da afectividade das crianças, no segundo estimula-se em excesso. Em nenhum dos dois, porém, há essa felicidade simples e natural que é o melhor que a vida da família pode proporcionar."

Postado por Daniel Costa


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